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Robin Hood, um herói libertário

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“Nenhum homem em toda a Inglaterra será meu mestre.”

As Aventuras de Robin Hood, Howard Pyle

A história é clássica, digna das melhores histórias da saga do homem na Terra, merecedora de roteiros de Hollywood, desenhos animados, peças de teatro e muitas, muitas versões diferentes: Robin Hood, nosso herói que se veste de verde e usa um chapéu estiloso (hood era um tipo de chapéu com pena), ao ver a injustiça do seu povo passando fome e outras dificuldades, se embrenha na floresta de Sherwood para assaltar ricos passantes em suas carruagens luxuosas e cheias de moedas de ouro. Ele não tem medo do perigo e, com seu arco e flecha, derrota todos os seguranças e faz de bobo seu arqui-rival, o xerife de Nottingham. Como todo herói ele também tem o seu ajudante, no caso chamado de Little John (João Pequeno) e uma namorada, a bela Lady Marian. Robin, um rebelde justo, carismático, popular, competente e generoso, estava em guerra contra os poderosos e deles retirava suas riquezas e prol dos mais necessitados. “Roubar dos ricos para dar aos pobres” era seu lema.

Quem seria contra ajudar os pobres? Para ajudar uma pessoa em necessidade, muitas vezes vale a pena qualquer coisa. Não é a toa que tal lema de justiça social, hoje, seja praticamente um mantra para algumas pessoas que desejam controlar, regular e partilhar a vida dos outros. Chame-os como quiser: socialistas, comunistas, fascistas, nazistas, esquerdistas, tanto faz. Chamarei-os apenas de estatistas (pessoas que querem a continuidade, senão a expansão da ação do estado na vida dos indivíduos). Estatistas acreditam ter o monopólio das virtudes. Acreditam ter também algum tipo de fórmula mágica para o progresso e felicidade geral dos povos, alguma fabulosa idéia para acabar com a miséria e dar saúde, educação, transportes, lazer, dentaduras e ___________ (preencha uma “demanda social” qualquer). Ok, mas é melhor escolher outro personagem.

Contexto histórico

Não há como afirmar se Robin Hood realmente existiu ou se trata apenas de um mito, muito menos a época precisa dos acontecimentos, nem os personagens envolvidos nas suas aventuras. Talvez não tenha existido apenas um, mas vários Robin. Sua primeira aparição deu-se em uma das mais antigas obras da literatura inglesa, “Piers Plowman”, livro escrito por William Langland provavelmente na década de 1370. A partir disto suas histórias foram se popularizando e passaram a ser transmitidas principalmente por via oral: canções e baladas populares. Outros livros históricos vieram no século XVI, mas o homem Robin já havia passado a ser um mito. Mas todas essas histórias possuem um ponto de confluência em comum: Robin Hood defendia a causa do “Rei Eduardo”, ou seja, sua ação deu-se entre Eduardo I (1272-1307), Eduardo II (1307-1327) ou Eduardo III (1327-1377).

Em seu reinado, Eduardo II passou por graves dificuldades sócio-econômicas e envolveu-se no combate a inúmeras revoltas, por isso o rei estava, por volta de 1320, percorrendo o norte da Inglaterra com o intuito de pacificar a região. Um dos revoltosos era seu primo Thomas de Lancaster, a quem talvez Robin Hood tenha sido aliado. Essa é, portanto, a época mais adequada para situar nosso herói.

O mito moderno

Em uma era que a Wikipedia é fonte para tudo, grandes romances e filmes estão sendo resumidos e estes acabam tornando-se fontes primárias. Lendas, através de séculos de iterações, sempre sofreram com este destino. A sua natureza mutável deixa vulneráveis a interpretações ocasionais, mas ainda sobrevivem como histórias através da retenção de algum núcleo ao longo de cada releitura. Robin Hood é um desses casos, e seu núcleo chegou até nosso tempo através de uma frase de efeito: “Roubar dos ricos para dar aos pobres”. O único problema é que isto não é realmente a principal característica da maioria das adaptações modernas da sua história. É um mito dentro do mito.

Talvez por isso não seja surpreendente que Ridley Scott o tenha transformado, no seu filme de 2010, em um herói socialista. Numa altura em que a “luta de classes” está na ponta da língua de todos, a lenda de Robin Hood requer uma nova visita.

Devemos muito da nossa concepção moderna de Robin Hood ao livro ‘Ivanhoe’ de Sir Walter Scott, publicado em 1820. Neste livro, Robin comanda um bando de homens contra a tirania política. O produto dos seus ‘roubos’ é distribuído entre os bandidos “de acordo com sua posição e mérito”. Ele não é um homem que aje às cegas. Ele é antes de tudo um homem que vive a liberdade, a honra e as aventura. Como na maioria das versões da história que chegou até nosso tempo, ele fala, mostra, e procura fazer de tolos os homens do estado.

Em “As Aventuras de Tom Sawyer” de Mark Twain, Tom e seus amigos pretendem ser Robin Hood, e melancolicamente constatam que “preferiam ser bandidos por um ano na floresta de Sherwood do que o presidente dos Estados Unidos para sempre”.

Já no best-seller de Ayn Rand “A Revolta de Atlas”, Ragnar Danneskjöld é um personagem claramente inspirado em Robin Hood, ainda que ele mesmo no romance o renegue, dizendo ser “o mais imoral e desprezível” dos homens. Não contarei mais para que não estrague as surpresas que aguardam quem ainda não leu este livro altamente recomendado.

Imposto: O que me é imposto, sob coerção e ameaça de violência

Imposto (do latim taxo: estimar) é a imposição de encargos contra o contribuinte, que pode ser tanto uma pessoa física quanto jurídica, pelo estado.

Ao contrário do que muita gente imagina, nenhum imposto tem, de fato, vínculo direto com os serviços que o estado tem que prestar à sociedade ou algum tipo de garantia de contrapartida ao contribuinte, embora a lei obrigue os governos a destinarem parcelas mínimas da arrecadação a certos seviços públicos – em especial de educação e saúde.

Como já disse Gaston Jèze:

“O imposto é uma prestação pecuniária para as pessoas, exigido pela autoridade devida, de modo permanente e sem remuneração por tal, para cobrir uma função pública necessária.”

Além de ser uma imposição ao cidadão, impostos também servem para coibir a prosperidade das pessoas. Não, não estou exagerando, quem diz isso é a própria Receita Federal (SRF).

“[...] A condição necessária (mas não suficiente) para que o poder de tributar seja legítimo é que ele emane do Estado, pois qualquer imposição tributária privada seria comparável a usurpação ou roubo. É justamente por referir-se à construção do bem-comum que se dá à tributação o poder de restringir a capacidade econômica individual para criar capacidade econômica social.” (1)

Tirando dos estatistas e devolvendo ao povo

Antes dos socialistas reclamá-lo eu gostaria de salientar um pequeno detalhe. Os pobres eram pobres porque sobre eles incidia enormes impostos. Eles foram criados mais de 100 anos antes da possível época de Robin pelo rei João sem Terra (João I, 1199-1216) para financiar o estilo de vida extravagante dos estatistas da época e suas guerras. Um fator importante é que a tributação já era alta devido a um outro conflito que seu irmão (Rei Ricardo I, 1189-1199) estava envolvido: as Cruzadas.

Pare por um instante e lembre-se de algumas das guerras que estão sendo travadas ao redor do mundo neste exato momento: para que recursos escassos sejam destinados aos luxos de uma classe política e para as linhas de batalha, governos tributam seus cidadãos; algumas vezes o financiamento ocorre via emissão de moeda – sem lastro – pelos Bancos Centrais; dívidas são geradas e roladas indefinidamente; futuras gerações são (e serão) penalizadas.

Temos algumas semelhanças com o mundo de 700 anos atrás? Muitas. Até o local de algumas dessas cruzadas, ops, guerras, é o mesmo. Com um agravante: teoricamente os estados hoje possuem uma fonte quase inesgotável de levantamento de recursos a curto prazo – os Bancos Centrais. Não é a toa que Ron Paul, famoso ex-congressista americano e por diversas vezes ex pré-candidato à Presidência dos EUA disse:

“Não é a toa que o século das guerras coincida com o século do banco central.”

Ron Paul

Não é à toa que um pensador radical (e é excelente ser radical quando o assunto é a liberdade), influente e sempre interessante, como Ron Paul, anota, com humor cáustico, em artigo ao Financial Times, que a falência intelectual dos banqueiros centrais nos levou à comprovação de que, além de irrelevantes, os bancos centrais, invenção do século 20, são o instrumento do estado para o financiamento de guerras e agravamento das diversas crises econômicas que o mundo viveu desde 1929.

Portanto, apesar da opinião comum dizer que Robin Hood roubava dos ricos e dava aos pobres, esta é apenas parte da história. Os habitantes da Inglaterra eram pesadamente tributados. Robin “roubou” de volta o que por direito pertencia aos contribuintes. Longe de ser um socialista, ele levou dinheiro da elite rica da sua época – reis, xerifes, conselheiros e outros estatistas – e devolveu àqueles que o gerou. Tem algo mais libertário do que isso? Sim, tem: o estado não roubar mais nada de ninguém.

Fontes

Livros
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Ivanhoe – Sir Walter Scott – Ed. Madras ISBN:8573746327
As Aventuras de Tom Sawyer – Mark Twain – Ed. Scipione ISBN:8526256483
A Revolta de Atlas, Parte II, Capítulo VII – Ayn Rand – Ed. Sextante ISBN:9788599296837
O Fim do FED – Ron Paul – Ed. É Realizações ISBN: 9788580330618

Revista
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História Viva – Ed. nº 107

Web
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http://www.forbes.com/sites/maurapennington/2012/03/26/robin-hood-has-always-been-a-libertarian-hero/
http://pt.wikipedia.org/wiki/Ricardo_I_da_Inglaterra
http://pt.wikipedia.org/wiki/Jo%C3%A3o_Sem_Terra
(1) http://www.receita.fazenda.gov.br/publico/estudotributarios/eventos/seminarioii/texto02afinalidadedatributacao.pdf

Editor FocoLiberal

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