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Sobre barras de chocolate e ovos de Páscoa

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Todo ano vemos nossos amigos compartilhando imagens e indignação ao constatar a diferença de preços entre barras de chocolate e ovos de páscoa. Compreendemos que, em um exame superficial, o senso comum pode nos enganar e achar que há algum tipo de abuso ou imoralidade por parte dos fabricantes de ovos de chocolate. Mas como já disse Frédéric Bastiat muitas falácias de ordem econômica não existiriam se fossemos capazes de pensar em “O que se vê e o que não se vê” (1). Portanto vamos falar no que em um primeiro instante “não se vê”.

Coisas diferentes

Barra de chocolate e Ovos de Páscoa são produtos diferentes, com produção e características distintas. Sim, são feitas com o mesmo cacau, açúcar e gordura, muitas vezes tem o mesmo nome, marca e fabricante. Mesmo assim estamos tratando de produtos diferentes.

Produto de época

A sazonalidade é um dos fatores que influenciam o preço – o ovo de chocolate só é vendido nesta época. É o momento da Páscoa.

Produção é diferente

O processo de fabricação dos ovos de páscoa é muito diferente da barra. Não há como comparar ambos pois uma barra é um produto muito mais simples e o ovo é mais sofisticado e parcialmente artesanal, requer mais tempo para o preparo, outro maquinário para centrifugar e resfriar o chocolate, além da embalagem, fitas, máquinas que automatizam esses processos e o espaços de armazenamento também são diferentes.

Ovos têm custos maiores

Os ovos de chocolate passam por vários processos artesanais, pois cada um deles costuma ser embalado manualmente, já que o ovo de Páscoa é um presente e, para que tenha uma apresentação digna de um presente especial, a quantidade de embalagem é muito maior do que a de um chocolate comum. Por serem mais delicados e volumosos do que os tabletes regulares, os ovos pedem também maior cuidado com o transporte e, portanto, maior número de funcionários e caminhões envolvidos no processo de fabricação e transporte para todo país.

Ovos precisam de maiores investimentos

Ovos de páscoa não vendem todo ano. Por outro lado os investimentos das empresas em todo maquinário utilizado na produção devem ser pagos integralmente. A conta precisa fechar. É por esse mesmo princípio, se você comprar um carro e só utilizá-lo nos fins de semana, deverá pagá-lo integralmente.

Ovos dão muito mais prejuízos com perdas

Ovos de Páscoa quebram com muito mais facilidade, tanto no transporte e no armazenamento quanto nos pontos de venda. E, claro, essas perdas precisam entrar no cômputo das despesas e receitas dos fabricantes, dos distribuidores e do vendedor final. Certamente aquele produto amassado o qual provavelmente não será vendido representa um acréscimo naquele que você está comprando.

Oferta x Demanda

A procura maior também colabora com o aumento. Algumas vezes até barras de chocolate ficam mais caras na Páscoa. A única saída é pesquisar, fazendo uma lista do que se precisa e comparando preços. Lembre-se: Você é o consumidor. Ninguém te obriga a comprar nada, muito menos você é obrigado a pagar um preço pelo qual não está disposto.

Qualquer pessoa pode colocar o preço que quiser naquilo que tem a oferecer à sociedade. E isso se aplica a ovos de Páscoa, carros, ingresso para shows, arroz integral ou até mesmo no próprio salário. Esse é a oferta. Por outro lado temos outras pessoas com suas demandas. E, naturalmente, elas tem o seu limite de valor para conseguir o que precisa. Neste momento milhões de pessoas utilizam diversas informações para chegar a um acordo e – congratulações! – fechar um negócio. Essa é apenas uma das grandes mágicas do capitalismo. Mas ….

Distorções do mercado e do estado

… você pode ter pensado: “ahhhh, você vem me falar de capitalismo? Essa é a causa das desigualdades sociais, gente egoísta, um querendo se dar bem em cima do outro e _____ (complete com o que achar melhor).

Só que um fator externo a essas pessoas realizando trocas comerciais acaba distorcendo completamente as relações de mercado: o estado. Como? Isso é fácil de entender. Impostos, taxas, regulamentações, burocracia, barreiras comerciais, favorecimentos especiais a um setor ou a uma empresa e outras intervenções dos governos acabam modificando por completo o relacionamentos comerciais.

Nossos governantes sabem disso? Obviamente que sim. E pior, tentam corrigir esses problemas que eles mesmos criaram. Uma intervenção sempre leva a outra, posterior, criada com a intenção de aliviar os efeitos da precedente, mas por si só capaz de gerar outras distorções que demandarão novos atos futuros de intrometimento. E isso nunca acaba. É um círculo vicioso. Uma roda que gira em falso e não sai do lugar.

Clique aqui para entender melhor o que são as falhas de mercado e as falhas de governo

Menos concorrência

Intervenções estatais no âmbito do comércio privado funcionam também como barreiras ao surgimento de novos concorrentes. Uma empresa já estabelecida em um determinado ramo já se adaptou aos impostos e aos custos contábeis de operá-los, ao passo que esses mesmos impostos impedem que pequenas empresas cresçam e que novas empresas surjam. Uma alta carga tributária, acompanhada de um emaranhado indecifrável de códigos tributários, serve como barreira de entrada no mercado, o que apenas ajuda as empresas já estabelecidas. Para estas, uma alta carga tributária ou um emaranhado burocrático incompreensível e arbitrário são um preço válido a ser pago, pois garante que novas empresas fiquem afastadas e que a concorrência seja mínima.

Ao passo que o pequeno empresário estará mais manietado, os grandes não terão dificuldades — nem carência de recursos — para lidar com essa nova imposição estatal. Com nada menos que 88 tributos e uma burocracia que é um emaranhado de leis, medidas provisórias, decretos e outros atos tributários aterrorizantes, que pequena empresa conseguirá concorrer com os barões já estabelecidos (e quase sempre financiados pelo BNDES)?

O estado, mais uma vez, cria uma intervenção que não apenas aumenta seu poder e suas receitas, como também auxilia os grandes à custa dos pequenos. E ainda há aqueles que dizem que o estado existe para preservar a concorrência e manter a solvência dos mais fracos… (2)

Conclusão

Não há muito sentido em comparar barras de chocolate com ovos de Páscoa, pois são produtos diferentes, com um ciclo de produção e custos envolvidos bastante diferentes, além dos ovos serem produtos sazonais, portanto com critérios de oferta x demanda de nós, público consumidor, distinto das barras. De qualquer forma, se quiser encontrar um motivo real de indignação pelos altos preços de qualquer coisa, direcione seus esforços àquele seu sócio que apenas te atrapalha, nada faz e ainda leva a maior parte do seu salário, lucros, dividendos ou receita: o estado.

E pode ficar à vontade para extrapolar esse raciocínio para o produto ou serviço que quiser.

(1)Livro completo no link http://www.mises.org.br/EbookChapter.aspx?id=342
(2) http://www.mises.org.br/Article.aspx?id=1479

Ovos de Páscoa e Barras Chocolate

Editor FocoLiberal

FocoLiberal é um site criado para divulgar a liberdade, seja ela o mais puro livre-mercado capitalista livre de amarras estatais bem como as liberdades individuais. Todos os textos, vídeos e imagens são livres para cópia e divulgação. Se puder referenciar a fonte melhor, pois encoraja a livre-circulação de idéias, mas caso não seja possível não há problema nenhum. Email: contato@focoliberal.com.br


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